terça-feira, 5 de maio de 2009

:Porque, Soledad (?)


... teve que renunciar o dia. Já nem fazia ideia se era noite ou tarde. Manhã sabia que não era, porque conseguiu pregar os olhos somente no primeiro pio reluzente do bem-te-ví. Aquilo era como sino da meia noite assoprando o sono, que estalava em gotas, conta-gotas, ocas; hipnotizanso até a próxima badalada humana. Mais uma vez, Soledad sacrificou seus sonhos. Decidiu não abrir a janela pra poder prolongar a realidade e se trancou no banheiro. Julho chegava violentamente, estava tão frio e tão cinza, que estimulava um banho demorado, que a fez até sentar-se em baixo do chuveiro; a cabeça rodava, sentiu o gelado azulejo na sua bunda que não era grande, dois azulejos bastavam pra sustentá-la. Nunca se preocupou muito com a parte traseira, tambem não era acostumada a se olhar no espelho, não se lembrava mais a quanto tempo não se olhava, e quando se olhava era só olho no olho, sempre daqueles espelhos de carregar na bolsa, apesar de não ter bolsa. Deixava sempre o pedaço do espelho sobre o caixote de madeira, poderia então lembrar que estava sempre lá, ao seu lado, do lado da cama, em cima da velha caixa, o seu reflexo, o único objeto capaz de revelar à Soledad o que ela realmente era e foi. Quase nunca recorria ao caixote, muito menos as coisas entulhadas, lembranças misturadas às cinzas de cigarros, nem sabia do espelho, nem lembrava do seu olhar....... (to be continued ... )

3 comentários:

Son disse...

fiquei curioso pela continuação.

Beijos tru

Sati Sukalpa disse...

Uma semana espero já... deve estar esquecida com os objetos q tanto se representam, como os restos das cinzas q esperam o vento para ser outra q não cinza...

Cléo Oliveira disse...

Ta dificil da Soledad nascer viu gente! Logo mais ela aparece!

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