A LUA DA CURA
Eu tô grávida
Grávida de um beija-flor
Grávida de terra
De um liquidificador
E vou parir
Um terremoto, uma bomba, uma cor
Uma locomotiva a vapor
Um corredor
Eu tô grávida
Esperando um avião
Cada vez mais grávida
Estou grávida de chão
E vou parir
Sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Dar à luz
Eu tô grávida
De uma nota musical
De um automóvel
De uma árvore de Natal
E vou parir
Uma montanha, um cordão umbilical, um anticoncepcional
Um cartão postal
Eu tô grávida
Esperando um furacão, um fio de cabelo, uma bolha de sabão
E vou parir
Sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Vou dar a luz
Letra: Marina Lima e Arnaldo Antunes
"A presença de vó Vitalina, insinuando-se exatamente nesta parte do livro, me dá a certeza de que tudo o que com ela aprendi e tenho passado a vocês, encaminha-se para a completude de uma enorme Lua. E mais ainda, juntas, agora com um grande número de bruxas desabrochando, cumpriremos os mistérios ancestrais do feminino e inundaremos o cotidiano com as àguas da Cura. Uma cura renascida de nosso próprio corpo mutilado, que, tal qual antiga Fênix, renascerá de suas próprias cinzas. Uma cura que não será trazida pelo reconhecimento de uma pseudo-santidade. Uma cura que é o sentimento da dignidade perante si própria e pela satisfação de estar no mundo, não como vítima do carma, sujeita aos padecimentos típicos de um pensamento patriarcal culpado, e sim plena da consciencia de sua faticidade para o cumprimento do traçado sutil do prazer..." (p. 275).
Um comentário:
complexa e paradoxal é a existencia da lua. porem é ela que ilumina as noites escura.
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